O saxofonista brasileiro Miguel Gandelman foi um dos últimos músicos a ensaiar com Michael Jackson para a turnê "This is It". Ele e sua banda, Horne, não chegaram a fechar contrato para a turnê.
Nestas entrevistas, Gandelman fala sobre a experiência de trabalhar com ele, e suas impressões sobre sua saúde, genialidade, disposição e caráter.
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/09/2009
FOLHA - Como foi tocar com Michael Jackson?
MIGUEL GANDELMAN- A banda foi disposta de forma que ele ficasse de frente pra gente. O cara estava a três passos de mim. A gente olhando nos olhos dele. [Vimos de perto] ele dançando, sorrindo, gritando e fazendo as "paradas" dele.
Tocamos "Thriller", "Jam", "The Way You Make me Feel", "Wanna Be Starting Something". Eu fui o último saxofonista a tocar com o Michael. Tive o privilégio de ter feito ele dançar com a minha música. Isso é uma coisa divina que eu vou guardar para o resto da minha vida.
FOLHA - Ele dava palpites no trabalho dos músicos?
GANDELMAN - O Michael era o cara que tinha a palavra final em tudo o que acontecia na produção. Ele dirigia a música inteira, do tom da guitarra ao "groove" (suingue) da bateria. Ele dizia: "O som não é esse, é mais assim, é mais assado". Ele era um dos artistas mais completos que eu já vi.
FOLHA - Ele aparentava que estava doente?
GANDELMAN - Ele estava com uma camiseta normal, branca, e com um jeans. Este negócio que diziam que ele tinha hematomas no braço... não tinha nada disso. A cara e a voz dele não tinham nada de diferente. Ele era um ser humano normal, um homem normal. Ele sempre foi uma pessoa magra, mas nada de "Ai, meu Deus, coitado desse cara".
FOLHA - Vocês notaram alguma bizarrice?
GANDELMAN - Ele era uma pessoa muito tímida, só isso. Mas você sentia a pureza, a "vibe", a aura, o quão puro o cara era. Ele era uma pessoa muito abençoada, uma pessoa divina.
FOLHA - Mesmo se ele não tivesse morrido, esta seria a última turnê?
GANDELMAN - Todos nós sabíamos. A gente sabia qual era o projeto. O diretor musical, Michael Bearden, queria fazer desta última turnê do Michael a maior, visual e musicalmente.
FOLHA - E o que os fãs vão deixar de ver?
GANDELMAN - Michael Jackson estava com todo um repertório novo de danças, que ninguém nunca tinha visto. A gente é amigo dos bailarinos que faziam parte da turnê. Eles disseram que ficaram chocadíssimos quando viram o Michael no ensaio fazendo novos movimentos e novas "sacações" de dança que ele nunca tinha feito.
SITE ABRIL.COM - 03/09/2009 (Trechos da entrevista)
Último brasileiro a tocar com Michael Jackson revela: vida musical dele estava 100%.
"Após a morte de Michael Jackson no dia 25 de junho de forma repentina, algumas perguntas ficaram no ar: como estava sua saúde? E os ensaios, ele estava em condições de cantar e dançar? O saxofonista brasileiro Miguel Gandelman, 26, filho do músico Leo Gandelman, é uma das poucas pessoas que podem nos dar essas respostas.
Abril.com: Como surgiu o convite pra tocar nos shows de Michael Jackson na O2 Arena, em Londres?
GANDELMAN - " (...) Recebi ligação do diretor musical, Michael Bearden (...) Ele disse que o Michael Jackson nunca teve um naipe de metais ao vivo com ele no palco. Apesar de o som dele ser marcado pelos metais, ele nunca teve ao vivo. E como essa ia ser a última turnê dele, ele gostaria de colocar a gente pra tocar. O Michael queria que fosse a maior turnê, uma coisa esplêndida. O Michael que tem a palavra final em tudo, por mais que o diretor musical tenha chamado a gente pro show, a palavra final era dele. Nós passamos dois dias ensaiando, tocando com o cara, vivendo ali com ele. Vendo-o dançar na nossa frente, super feliz. Foi uma coisa experiência única. O Michael era gente boa pra caramba, uma pessoa do bem. Lindo, maravilhoso.
Abril.com - Como foram os ensaios?
GANDELMAN - "Realizei aquele sonho de tocar "Thriller" com o Michael. Com ele na minha frente, olhando e rindo. Aquilo ali vai ficar na minha cabeça pra sempre. Montaram a banda em frente ao Michael, pra ele poder ficar de frente pra todo mundo dando opiniões. Ele é um cara muito envolvido musicalmente com tudo."
Abril.com - Ele estava bem de saúde? Quando anunciaram a morte dele foi uma surpresa?
GANDELMAN - "Ele estava, foi inimaginável. Obviamente ele não era aquele Michael de 20 anos de idade, mas estava bem. Não presenciei a vida pessoal dele, só a música. E a vida musical dele estava 100%. O que Deus deu pra ele estava ali. Estava presente, bonito, vendo a música dele acontecendo. O cara estava 100% presente, fazendo o trabalho dele."
Abril.com - Ele deu algum sinal de estar dopado?
GANDELMAN - "Nada, o cara estava super feliz, super legal. Olhei no olho dele, apertei a mão. Isso que me impressionou mais. Quando cheguei casa liguei pro meu pai, pra minha mãe, só pra dizer que tinha tocado pro cara. Ele é um ser humano, porque você tem na cabeça: *******, é o Michael Jackson! Você acha que vai ver o cara com uma capa e sair voando. É um homem normal, tava com uma camiseta hering branca, uma calça jeans e falando com todo mundo. Dando ordem. Aí dançava, cantava e gritava. Muito legal."
Fonte: MJBeats
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
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